Estátuas racistas: 10 monumentos de escravistas famosos no Brasil
No Brasil, ainda existem algumas dezenas de estátuas racistas, homenageando notórios escravistas brasileiros. Nesse artigo vamos citar algumas dessas figuras, entenda a seguir porque o assunto voltou a ter destaque.
Tudo começou em Minneapolis…
Além da pandemia pelo novo coronavírus, 2020 foi marcado por protestos contra o racismo, principalmente nos EUA, após a morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco, em Minneapolis.
As manifestações se espalharam, levando milhares de pessoas as ruas contra o racismo. Os protestos estão ligados ao movimento Black Lives Matter (vidas negras importam).
…e ganhou o mundo!
Em Bristol, no Reino Unido, um grupo de manifestantes do movimento antirracista derrubou a estátua de Edward Colston. O monumento foi feito em 1895, em homenagem a um dos maiores traficantes de escravos europeus.
Protesters against systemic racism in the UK tore down a bronze statue depicting slave trader Edward Colston, rolling it through the streets before tossing it into the river. https://t.co/TT2TU87Fh1 pic.twitter.com/miLyQkdyoq
— ABC News (@ABC) June 9, 2020
O escravagista era tido como um benfeitor da cidade por parte da comunidade branca da região, foi membro do parlamento inglês e financiou a construção de escola, igrejas e hospitais, em Bristol e Londres. Colston foi acionista da Royal African Company (RAC), empresa monopolista do tráfico negreiro na Inglaterra.
A derrubada da estatua é considerada como um dos atos mais simbólicos das manifestações antirracista ao redor do mundo, considerada um momento histórico. Apesar disso, o prefeito de Bristol, Marvin Rees, negro, relatou em entrevista à emissora britânica BBC, que via a estátua como uma “afronta pessoal”.
Após ser ‘arrancada’, a estátua de Colston foi jogada no rio que corta a cidade, com aplausos da multidão. O manifesto foi considerado pelo governo britânico como um “ato criminoso”.
O ato simbólico provocou reações em diversas parte do mundo. Em destaque, a cidade de Antuérpia, na Bélgica, retirou a estátua do rei Leopoldo II, considerado sanguinário que causou a morte de 10 milhões de africanos.
Watch as a 150-year-old statue of King Leopold II of Belgium, whose forces seized Congo in the late 19th century and ran an exploitative regime that led to the deaths of millions, was removed from a public square in Antwerp on Tuesday.
Read more. https://t.co/ZGrMd6x6xg pic.twitter.com/vPEh5utUM9
— The New York Times (@nytimes) June 9, 2020
Segundo historiadores, os monumentos em sua homenagem trazem à tona o passado colonial belga, marcado por exploração, violência e crueldade com povos africanos. A estátua foi incendiada dias atrás, no embalo dos protestos antirracistas ao redor do mundo.
O monumento será levado para um museu da cidade. Um grupo denominado “Vamos reparar a história”, exige também a retirada dos monumentos de Leopoldo II de espaço publico em Bruxelas, capital da Bélgica.
Como resultado de todo esse movimento, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, anunciou que irá reavaliar os monumentos públicos da cidade e retirar estátuas que homenageiam escravocratas.
Enquanto isso, no Brasil, diversas cidades continuam “decoradas” com monumentos racistas. São figuras da história brasileira consideradas desbravadoras. Protagonistas responsáveis por perseguir, torturar e escravizar índios e negros.
Em diversos estados do país, sem muita dificuldade, encontramos estátuas de escravagistas. Monumentos que deveriam estar em museus, estão expostos por toda parte. Parece irônico, mas, a grande maioria dessas figuras é tida como “herói” nacional. Grande parte da população desconhece quem foi cada personagem.
Conheça alguns personagens escravocratas e genocidas que “enfeitam” as cidades brasileiras.
1. Borba Gato (São Paulo)
Manuel de Borba Gato (1649-1718), bandeirante paulista, dedicou a juventude a caça de índios para escravização. Era considerado desbravador de sertões, genro de Fernão Dias Paes Leme, bandeirante importante na história. Foi responsável por mortes, estupros e incêndios em aldeias indígenas. Era fugitivo da lei.
Conhecido também por ser caçador de esmeraldas e ouro, encontrou minas de esmeralda na região de Sabaruçu -MG. Fundador da cidade de Sabará. O escravocrata tem estátua em sua homenagem na Praça Augusto Tortorelo de Araújo, Santo Amaro – SP.
A obra, que já foi alvo de diversas manifestações para sua retirada, tem 10 metros de altura e pesa 20 toneladas, em seu interior há um trilho de bonde para sustentar a estrutura.
2. Monumento às Bandeiras (São Paulo)
O monumento às bandeiras é uma obra em homenagem aos escravistas bandeirantes; a obra retrata portugueses, negros, mamelucos, e índios. A escultura é polemica, já foi alvo de pichações em forma de manifesto diversas vezes, os protestos questionam o próprio significado da obra.
Uma saudação aos colonizadores que realizaram expedições em busca da riqueza brasileira e escravizaram índios no interior do país. O monumento está localizado no parque Ibirapuera, o mais visitado de São Paulo. A obra do escultor Victor Brecheret, é feita de blocos de granito e possui 50 metros de comprimento e 16 metros de altura.
3. Bartolomeu Bueno da Silva – Anhanguera (São Paulo)
Bartolomeu é conhecido como um dos principais desbravadores do ciclo do ouro em Minas Gerais e Goiás, herda do pai o nome e o apelido Anhanguera (diabo velho) que foi dado pelos indígenas. Segundo historiadores, seu pai enganou índios ameaçando incendiar o rio. Bartolomeu também era escravagista. O monumento está localizado no parque Trianon, na avenida Paulista.
4. Domingos Jorge Velho (Santana de Parnaíba – SP)
Domingos Jorge Velho, bandeirante, chefiou a tropa que destruiu Quilombo do Palmares, fez parte do grupo de bandeirantes que atendia aos pedidos do governo que se sentia ameaçado pelos índios e negros. Era conhecido como caçador de índios, responsável do dizimar aldeias indígenas e quilombos.
5. Francisco Dias Velho (Florianópolis)
Francisco Dias Velho, conhecido como fundador da cidade de Florianópolis, bandeirante, acompanhava seu pai na caça aos índios, na juventude. Exterminaram, escravizaram e aprisionaram indígenas ao longo da costa meridional brasileira.
6. Fernão Dias Paes Leme (Pouso Alegre – MG)
Fernão Dias Paes Leme, bandeirante, historicamente conhecido como caçador de esmeraldas, bandeirante de mais largo renome. Administrava uma aldeia com cerca de 5 mil índios escravizados. Vale dizer que existem várias estátuas homenageando esse personagem, destacamos essa pois é a mais conhecida.
7. Baltasar Fernandes (Sorocaba – SP)
Baltasar Fernandes, bandeirante, é conhecido como fundador de Sorocaba, aprisionava índios no Rio Grande do Sul e Paraguai para trabalhar nas lavouras como escravos, possuía mais de 400 indígenas a seu serviço.
8. Monumento aos Bandeirantes (Santana do Parnaíba – SP)
O monumento aos Bandeirantes, está localizado as margens do Rio Tiete, é homenagem aos principais bandeirantes escravocratas, está retratado Anhanguera, Bartolomeu Bueno, Raposos Tavares e Fernão Dias. O monumento conta também com estátuas de indígenas e escravos.
9. Duque de Caxias (São Paulo)
Luis Alves de Lima e Silva, mais conhecido como Duque de Caxias, militar, general conservador do século XIX, imperialista e escravocrata, repudiava negros. Considerado um dos grandes heróis nacional.
10. Pedro Alvares Cabral (São Paulo)
Pedro Alvares Cabral, considerado o “descobridor” do Brasil, terra já habitada por milhões de índios. A escravidão indígena iniciou após a sua chegada e instalação dos engenhos de açúcar.