10 Dicas para Mulheres que desejam viajar sozinhas pelo mundo
Viajar é uma delícia! Conhecer novas culturas, visitar lugares diferentes, ter memórias que nunca imaginou. Mas, claro, viajar também tem seus percalços. Voo que atrasa, programações que não saem bem como havia planejado, e por aí vai.
Porém, se você for mulher e estiver viajando sozinha, tem que tomar o dobro do cuidado, além do assédio em países de costumes machistas, existem as questões higiênicas da vida feminina.
“Dizer que existe igualdade para homens e mulheres que viajam sozinhos é totalmente ilógico”, defende blogueira especializada em viagens sozinha, Sílvia Mantovani.
“Nós, viajantes solitárias, temos muito mais dificuldades a serem enfrentadas. Nosso cuidado precisa ser dobrado, ou redobrado dependendo do país, quando viajamos. Durante as viagens sempre pode acontecer problemas, imprevistos, precisamos ter calma e controle emocional para resolver. Infelizmente essa é a realidade, mas não significa que não podemos viajar, apenas precisamos estar mais atentas.”
Mesmo assim, segundo pesquisa do Ministério do Turismo realizada em 2017, quase 18% das mulheres brasileiras preferem viajar sozinhas.
Inclusive a Sílvia, que já apareceu no SOS com seu projeto 40 países antes dos 40 anos. Ela já deu algumas voltas ao mundo: Índia, Nepal, Thailand, França, Irlanda, Inglaterra, Espanha, Itália, Argentina, Cuba, Emirados Árabes, Mongólia, China, Russia, Chipre e Turquia. Tudo isso, na maioria das vezes, sozinha. E não se arrepende.
É, viajar sozinha não é fácil. “A principal dificuldade é a segurança”, conta Fernanda Toyomoto, do blog Japa Viajante. “Dependendo do país e região me sinto mais insegura de andar sozinha, principalmente, à noite.”
Tanto Fernanda quanto Sílvia viajam muito – muito mesmo! Aliás, Fernanda tem outra lista extensa: Argentina, Uruguai, Cambodia, França, Alemanha, Índia, Laos, Paraguai, Espanha, Tailândia, Reino Unido, Estados Unidos, Vietnã, País Gales, Paquistão e por aí vai…
E como estão frequentemente desacompanhadas, essas duas mulheres vão nos ensinar dicas preciosas para viajar sozinha por aí.
1. Doleira, sua melhor amiga
Ou uma pochete. Mas a doleira é melhor, porque dá pra colocar por debaixo da calça e fica bem imperceptível. Isso é importante para que você possa guardar dinheiro e, principalmente, seus documentos. Assim, mesmo que você seja roubada, terá como se virar com mais facilidade.
Mesmo estando em lugares tidos como “seguros”, você não está imune. Fernanda e Sílvia concordam que a Europa, no geral, apresenta segurança elevada. No entanto, roubos e furtos acontecem em todas as cidades do mundo.
“Ninguém vai enfiar uma faca no seu pescoço para te roubar, mas vão aproveitar qualquer descuido seu para levar sua bolsa, celular, câmera fotográfica”, explica Sílvia. “Eles são especialistas em roubar turistas despistados. Eu já fui roubada uma vez em Paris, dentro de um Starbucks. Nunca passei por isso no Brasil, mas passei em Paris.”
2. Coletor menstrual SEMPRE
Se você ainda não experimentou o coletor menstrual, encare esse momento como sua chance. Ele já é mega prático no dia a dia. Em uma viagem, então, nem se fala! Mesmo porque nem sempre podemos levar uma mala grande com tudo o que queremos. O ideal é economizar com o que conseguimos (economizar espaço e dinheiro).
“Sou muito minimalista com minha mala, estou dando uma volta ao mundo com apenas 8 kg”, conta Fernanda. “O que não vivo sem é o coletor menstrual, muito prático e higiênico para viagens – ainda economiza no absorvente.”
3. Leve uns cadeados com você
“Tenha sempre cadeados para guardar seus objetos mais importantes”, ensina Fernanda.
Seja para trancar uma porta, para fechar a mala ou para qualquer outra situação. Nem sempre as coisas vão acontecer como você imagina, principalmente se você não está a fim de fazer aquele rolê basicão que todo mundo faz. Então deixa uns cadeados de reserva na mochila. Nunca se sabe.
4. Toalhinha higiênica vale ouro!
Dica simples para evitar perrengues desnecessários. Leve na mala, em quantidades extras, aquilo que é essencial:
“Coragem, empoderamento, muita vontade de conhecer o mundo e muita toalinha higiênica. Em alguns lugares papel higiênico é artigo de luxo, e nós infelizmente precisamos mais que os homens”, brinca Sílvia.
5. Zap Zap para família? Nem sempre!
É, você achou que os serviços de mensagem instantânea tipo Whatsapp só serviam para entretenimento? Achou errado.
“Eu sempre tenho um grupo no Whatsapp com 3 amigos. Vou falando pra eles o tempo todo onde estou, o que vou fazer, passando localizações e até mesmo tirando fotos dos bares que estou ou pessoas que conheço no caminho”, ensina Sílvia.
Mas é melhor se for amigo. Isso porque, segundo Montavani, às vezes, não vale a pena preocupar a família. Só precisa avisar pessoas de confiança sobre o que está acontecendo.
“Quando cheguei em Deli, depois de quase 10 dias pela Índia, como meu voo chegava tarde eu tinha contratado um transfer para me levar do aeroporto até meu Hotel. Eu não sei o que aconteceu, mas o endereço estava errado no GPS e fomos parar na slum (favela) mais perigoso de Deli.
Depois de quase 3 horas, finalmente o motorista achou o caminho. Mas foram momentos de muito medo, com homens se aglomerando ao redor do carro todas as vezes que o motorista parava para pedir informação.”, conta Sílvia.
Nessas ocasiões, em que algo dá incrivelmente errado e não tem como evitar alguma situação, o melhor é não apavorar sua família.
6. Tenha sempre um esconderijo extra
“Acredito que as melhoras experiências estão relacionadas a conhecer pessoas, as histórias e a cultura local. Cada vez mais tenho valorizado menos os pontos turísticos e mais as singularidades locais”, comenta Fernanda.
Conhecer lugares acostumados a receber turistas já pode se provas perigoso. Imagine ir para áreas mais afastadas. Por isso, nunca leve todo o dinheiro com você. Ou todos os documentos.
“Caso você seja roubado ou perca sua bolsa tem o dinheiro reserva. Leve sempre um [cartão] pré-pago. Mais de uma vez tive problemas com isso. Uma vez, na Tailândia, eu esqueci um cartão no caixa eletrônico, e em Malta bloquei um cartão sem querer”, aconselha Sílvia.
O inferno são os outros – mas às vezes somos nós mesmos. Em um caso ou outro, melhor ter um plano B. Deixe um pouco de dinheiro e algum documento bem escondidinho no hotel.
7. Passaporte 2.0
Para entrar ou sair dos lugares, passaporte é um negócio importante demais. Demais, mesmo! Já falamos para cuidar muito bem dele e também falamos para deixar um documento escondido separados dos outros.
A última dica referente a documentos é criar uma cópia do seu passaporte. Assim, você pode andar com essa cópia à mão enquanto o original fica bem protegidinho e escondido.
8. Hostel? Atenção aos comentários!
Vai se hospedar em algum lugar? Que tal jogar o nome do estabelecimento nas redes sociais antes? Não basta só ver as avaliações em sites especializados em hospedagem. É melhor ver o que as pessoas realmente conversaram.
“Se optar em ficar em hostel, dê preferência para os que tenham quartos só para mulheres. Eu já fiquei em quartos mistos e nunca tive problemas. Mas sempre é melhor dar preferência a quartos só para mulheres”, orienta Sílvia.
9. Evite se informar com qualquer pessoa na rua
Quando você pede informação, você deixa os outros saberem que você está perdida. E, via de regra, isso não é bom.
Sílvia diz que o ideal é saber onde perguntar e onde se manter em silêncio e continuar andando como se nada estivesse acontecendo. No melhor dos cenários, você encontra algum policial e pergunta para ele.
“Dependendo do país, se tiver que pedir informação na rua e não encontrar um policial, peça informações em lugares públicos como restaurantes, hotéis etc.”, ensina Sílvia.
10. Machismo ainda existe: respeite os costumes (mesmo que não concorde)
O machismo ainda existe e, em certos lugares, será mais explícito do que em outros. Sim, muito provavelmente você vá presenciar alguma situação desconfortável.
“Uma vez estava em um restaurante indiano e ao me levantar para ir ao banheiro o garçom passou a mão na minha bunda”, relembra Fernanda. Claro, ela ficou extremamente irritada. Porém, estava em um país em que essa cultura machista ainda é muito arraigada. “Conversei com o gerente do local, mas foi em vão”.
Então devemos nos calar? Jamais! Mas, por mais que queiramos modificar logo esse cenário, as coisas tendem a mudar de forma lenta…
“Respeitar os costumes e religiões dos países onde você viaja, mesmo que você não esteja de acordo com eles. Você não conseguirá mudar uma cultura milenar em uma simples viagem. Eu sempre levo roupas mais comportadas quando viajo para países muçulmanos, ou em países, como a Índia, onde o risco de estupros é muito alto”, lamenta Sílvia.
Dicas bônus:
Qual o melhor e o pior lugar para mulheres viajarem sozinhas?
Os melhores: Uruguai e Europa (como um todo)
Países europeus, em sua maioria, se mostram mais seguros e receptivos às viajantes. Normalmente, são mais amigáveis e o acesso aos lugares se dá com mais facilidade. Mas tem país bem pertinho do Brasil que vale a pena a visita. Segundo Fernanda, o Uruguai é um país bastante seguro para mulheres sozinhas.
O pior: Índia
“O mais perigoso acho que a Índia, onde vivi um ano. Sou completamente apaixonada pela cultura, mas há um lado negativo, pois ainda é um país muito machista”, afirma Fernanda.
Sílvia concorda, afinal a violência contra a mulher no país é notória. No entanto, não é somente com o fato de que a Índia é mais perigosa em que as viajantes concordam.
“Sempre digo que a Índia foi a melhor e a pior viagem da minha vida. Mas se equivoca quem pensa que isso faz com que eu não queira voltar lá – pelo contrário, em março estarei na Índia novamente. Vou participar do Holi, outro sonho que tinha. Pra falar a verdade eu gostaria de viver uma época da minha vida na Índia. Esse país que ensinou tanto”, conta.
Pelo o que percebemos, todas as viagens valem a pena! Mesmo que você precise tomar alguns cuidados extras para conseguir realizar seus sonhos. Se tudo der certo, uma hora a coisa muda e listas como essa nem se farão mais necessárias.
“Confie na sua intuição e se jogue”, encoraja Fernanda:
“Acredito que há mais pessoas boas do que ruins no mundo. Sempre aparecerá alguém para ajudar. E viajar sozinha é poder desfrutar da sua própria companhia, nos melhores e piores momentos, é uma forma de se autoconhecer profundamente.”